domingo, 27 de outubro de 2024

Precisamos falar sobre Forest

Foi Jenny que instruiu Forest a correr pela primeira vez, e foi ela quem o orientou a não bancar o herói na guerra e correr. Ela o incluiu ainda criança quando todos o excluíram. E também o evitou e até fugiu dele algumas vezes. Jenny foi o amor de Forest Gump e este texto que parece sobre ela, todavia, fala dele e suas relações.

Sempre que assisto "Forest Gump – o contador de histórias" me emociono. É como se eu tivesse novos insights, a cada reprise.  Observei, dessa última vez, as relações dele: ele com a mãe,  ele com Jenny quem já introduzi acima, ele com Bubba, com o tenente Dan (que bate de frente com as garotas de programa e defende ele com as palavras da sra. Gump: "ele não é estúpido")e até consigo.

Mesmo com sua limitação cognitiva, vale explorar as múltiplas formas de inteligência que ele tem (vou sugerir que pesquisem sobre Howard Gardner e a forma como ele destrincha sobre inteligências) Forest não se rendeu ao capacitismo.

Muito disso pelo modo como sua mãe o educou, enquanto o diretor afirmava que ele era diferente e os colegas o humilhavam, sua mãe o ensinava (e estimulava) que não aceitasse que as pessoas dissessem que ele era estúpido  e assim ela com empatia o incluia, o aceitava e o confirmava, mesmo quando a maioria o rejeitava, o ensinado a se amar.

Ele vai a faculdade e se destaca no futebol americano; no exército também se destaca (seja na guerra ou no pingue pong). Ele honrando a memória e comprisso firmado com Bubba, enriquece. Sua riqueza então o oportuniza a ajudar e assim o faz. Ele segue amando Jenny,  vira jardineiro, sai para uma corrida e mais uma vez vira notícia...

Isto tudo sem falar que ele narra a jornada dele como ninguém. É como se cada evento que ele viveu tomasse quem o escuta de curiosidade pelo desfecho da sua história acachapante.

A certa altura ele se realizou no campo amoroso, tem outra perda irreparável e assume – no final – talvez o seu mais importante papel. Forest foi muito discriminado, porém encontrou em seus vínculos mais fecundos acolhimento. E mesmo consciente de sua deficiência intelectual – com o estímulo que recebeu – teceu uma história de cuidado, amor, luta e superação frente a todo preconceito.

Quando assisti Forest Gump recentemente, filme que me inspira,  enxerguei um misto de sentimentos que me levam a pensar em como eu tenho construído minha história. Pois no fundo a lição que fica para mim fala muito da rede de apoio que ele teve, e também da visão de mundo que ele construiu e nutriu: modesta, generosa e potente sem igual.


💓


Dedico este texto a um elemento essencial da minha rede de afetos, meu querido Antônio. 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

QUARENTA 🌹

 Oi,


Eu não poderia deixar este dia tão simbólico passar despercebido...

Aliás,  são 4 décadas de vida, que mescla um lado autêntico e um mais artificial.

O primeiro (focarei nele) é o que guia  meu propósito, meu esforço e minha voz.

Com ele custei a descortinar os tecidos que forravam meus olhos de certezas.

Foi quando entendi que mais do que posses é preciso autonomia, senso de pertencimento e qualidade.

Mudei, então, o olhar... Projetei minha intimidade para fora ao distribuir – de forma intuitiva – os papéis que performo.

Todos os que meu corpo abriga, orienta, cuida e compartilha;

Todos folheados a medida que saboreio mais uma página dessa nova leitura.

Afinal, faz tanto sentido aceitar minha ousadia como freio para covardia.

Isto transporta a autoestima para espaços vazios sem complexos cheios.

E é aí que ocupo uma vaga na garagem da coragem, onde estaciono medos sem abastecê-los.

É, hoje faço 40 e me celebro como uma ode a vida, como um louvor ao dia presente e as minhas versões mais salutares, emocionadas e simples.



















sábado, 9 de dezembro de 2023

E a terapia segue em dia

O que é uma lágrima para você? Minha sobrinha de seis anos se formou e eu, alegre, chorei igual quando ela nasceu. Senti saudades de coisas, pessoas, eventos e, nostálgica, chorei outra vez. Hoje, meu encanamento emocional goteja lágrima por lágrima, como um vazamento de emoções no cano da alma que precisa ser observada. Chorei bonito. E depois do choro veio a brisa do alívio por conseguir por para fora. Coloquei conforto e desconforto abraçados, daí senti que poderia mergulhar neles e desbravar sentimentos. Como diria uma ex terapeuta: é importante perceber que emoção que vem. Observando detectei um pingo de alegria, outro de tristeza, outro de surpresa e alguns mais essenciais. Entrei em contato com este momento e fui ao encontro da força que emana da minha vulnerabilidade, onde me permito esvaziar, amadurecer e alegrar por isto. Não estou acostumada com esse misto de sensações, porém curti a experiência de validá-las sem me punir. Este foi o ápice do meu dia: acolher meus afetos colhidos com toda sensibilidade, satisfação e um amor esculpido no bojo desses aprendizados.


segunda-feira, 20 de março de 2023

Sem frear seus sinais

Escrever é algo tão visceral que meus textos espalham alguns segredos. Neles articulo o que troco, elaboro e leio.

Dou andamento as palavras para não estagná-las, e alinho afetos expostos em frases bem nutridas e reais.

Em um parágrafo combino o que sei com o que é preciso para alimentar a esperança e rechaçar preconceitos.

Minha obra é a mistura do que aprendo com o que revelo aos que me inspiram e eu inspiro – sem frear seus sinais.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O esboço de toda a minha gratidão.


O ano voou? Revoei e escrevi. Pus meu lado avoado para alar e senti com a velocidade das palavras o disparo da vida. Logo, quando houve a reação veio a redação. E embutida nela está como eu reajo a visita de vocês. Onde alguns veem números, vejo leitores, vejo aqueles que me confirmam e me inspiram. Daí, não teria como ser diferente, neste texto contém o esboço de toda a minha gratidão, cuja forma final desconheço, mas, caminho para encontrá-la. Obrigada, a você que é meu conterrâneo e vive aqui ou em outro país, a você que não é brasileiro e me acompanha da sua terra natal ou onde mora e é seu lar. Seja qual for sua localização, estejam seguros, sobretudo – firmados a um amor potente e abrangente repleto de saúde, empatia e paz.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Acolhimento

Acolha suas escolhas...

Não se encolha,

Para que não te recolham,

Ao tentarem colher o que é seu...

Sem escolhas não se recolha,

Escolha te (a)colher,

E não encolha quem te acolheu.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Aprender

Cabe a cada um de nós aprender a se escutar com o humor afetado pelo momento; aprender a acolher a dor sofrida que, às vezes, se manifesta sem aviso; e aprender a se mover em meio aos conflitos e seus prejuízos sem invalidar seus atravessamentos ou, o contrário, cultuar seus problemas. Isto resgata o amor embalado pela cautela de perceber-se parte de relações que abrigam pessoas distintas, porém ligadas ao repertório uns dos outros; isto viabiliza o pertencimento a um núcleo amoroso enredado pela vida em comum e respeitosa com os demais e consigo, inclusive com as oscilações presentes tão complexas e simples de tão significativas que são para eu, você e mais.