Foi Jenny que instruiu Forest a correr pela primeira vez, e foi ela quem o orientou a não bancar o herói na guerra e correr. Ela o incluiu ainda criança quando todos o excluíram. E também o evitou e até fugiu dele algumas vezes. Jenny foi o amor de Forest Gump e este texto que parece sobre ela, todavia, fala dele e suas relações.
Sempre que assisto "Forest Gump – o contador de histórias" me emociono. É como se eu tivesse novos insights, a cada reprise. Observei, dessa última vez, as relações dele: ele com a mãe, ele com Jenny quem já introduzi acima, ele com Bubba, com o tenente Dan (que bate de frente com as garotas de programa e defende ele com as palavras da sra. Gump: "ele não é estúpido")e até consigo.
Mesmo com sua limitação cognitiva, vale explorar as múltiplas formas de inteligência que ele tem (vou sugerir que pesquisem sobre Howard Gardner e a forma como ele destrincha sobre inteligências) Forest não se rendeu ao capacitismo.
Muito disso pelo modo como sua mãe o educou, enquanto o diretor afirmava que ele era diferente e os colegas o humilhavam, sua mãe o ensinava (e estimulava) que não aceitasse que as pessoas dissessem que ele era estúpido e assim ela com empatia o incluia, o aceitava e o confirmava, mesmo quando a maioria o rejeitava, o ensinado a se amar.
Ele vai a faculdade e se destaca no futebol americano; no exército também se destaca (seja na guerra ou no pingue pong). Ele honrando a memória e comprisso firmado com Bubba, enriquece. Sua riqueza então o oportuniza a ajudar e assim o faz. Ele segue amando Jenny, vira jardineiro, sai para uma corrida e mais uma vez vira notícia...
Isto tudo sem falar que ele narra a jornada dele como ninguém. É como se cada evento que ele viveu tomasse quem o escuta de curiosidade pelo desfecho da sua história acachapante.
A certa altura ele se realizou no campo amoroso, tem outra perda irreparável e assume – no final – talvez o seu mais importante papel. Forest foi muito discriminado, porém encontrou em seus vínculos mais fecundos acolhimento. E mesmo consciente de sua deficiência intelectual – com o estímulo que recebeu – teceu uma história de cuidado, amor, luta e superação frente a todo preconceito.
Quando assisti Forest Gump recentemente, filme que me inspira, enxerguei um misto de sentimentos que me levam a pensar em como eu tenho construído minha história. Pois no fundo a lição que fica para mim fala muito da rede de apoio que ele teve, e também da visão de mundo que ele construiu e nutriu: modesta, generosa e potente sem igual.
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Dedico este texto a um elemento essencial da minha rede de afetos, meu querido Antônio.